
Lendo a coluna de N’Gai Kroal (escritor, jornalista e muitas outras coisas) na EDGE desse mês (Edição #4 – Capa: PS3 Slim), fui contemplado com uma questão que venho me fazendo há anos, mas ainda não tive a memória para escrever sobre o assunto. Pergunto, leitor: em que dificuldade você joga?
Digo isso porque a coluna do Sr. Kroal elucida a questão da pré-seleção dos modos de dificuldade que, digamos, 95 em cada 100 jogos possuem. Não poderia deixar de concordar mais com o assunto, uma vez que, sendo você um gamer que acompanha as revoluções desse mercado, já deve saber que as coisas estão um pouco diferentes do que rodar o direcional para trás/frente e escolher entre o Easy, passar pelo Normal ou ir direto para o modo Hard.
Conforme explicado pelo negão colunista, os jogos das plataformas atuais contam com uma série de recursos que dão ares de maior interatividade com o usuário, quando o assunto é modo de dificuldade: existem aqueles que se valem do aumento gradativo das pedreiras – ou seja, adapta-se ao seu progresso, complicando um pouquinho mais a sua vida a cada seção do jogo (ex.: Final Fantasy); e existem aqueles que oferecem a seleção à moda antiga, mas com possibilidade de alteração in-game: se um pedaço do jogo estiver causando dores de cabeça, vá na tela de opções e reduza a dificuldade um pouquinho para não sofrer tanto.
Mas algo que N’Gai Kroal esqueceu-se de citar é o chamado Easy-auto Mode. Se você acompanhou as notícias de algumas semanas atrás (leia quando eu ainda era editor-chefe do MSN Jogos), acompanhou um pouco deste recurso e sua ação no jogo Bayonetta: aparentemente, será possível jogar o título da mais nova gostosa do pedaço com apenas um botão, mediante alteração para tal modo simplista de gameplay. Imediatamente, aos mais experientes, deve vir à mente a óbvia inspiração de Bayonetta, o também criado por Hideki Kamiya, Devil May Cry. Quem não jogou, acompanhe: nas três primeiras fases do jogo, caso você venha a morrer três vezes, você terá a opção de mudar a dificuldade para Easy-auto, onde os combos não exigem combinação prévia e você se torna um autêntico button-masher, desferindo golpes descoordenados enquanto o jogo se preocupa em fazê-los encaixar em seus alvos.
Não sei quanto a você, mas eu, particularmente, não gosto nem um pouco dessa modalidade de gameplay: não por simplificar demais o jogo, tornando-o enfadonho. Na real, o que me incomoda é o fato do Easy-auto permanecer Easy demais até o último chefe e mais além. A minha pedreira era em um determinado pedaço do título, lá atrás, mas graças ao Easy-auto, eu não sei se essa seria a minha única complicação. Nunca se sabe: às vezes, era descoordenação nos dedos, um golpe errado; coisas desse tipo tendem a atrapalhar você – e é justamente aí que reside a graça: É PARA ATRAPALHAR MESMO!
Jogos de estratégia ou RPG (novamente, Final Fantasy), oferecem uma dificuldade gradativa, que aumenta e/ou diminui de acordo com suas ações e avanços dentro do seu estilo de jogo. Traduzindo: conforme seu progresso, inimigos mais fortes ou ataques onde você estará em alguma desvantagem de larga escala aparecerão. Cabe a você usar a cabeça ao invés dos músculos (ou dedos) e esquematizar uma forma de superar esse desafio. Se ainda estiver difícil, volte uns passos, reagrupe e melhore suas capacidades. Viver para lutar num outro dia, por assim dizer.
Acho que isso é uma questão de saber mediar dois extremos: ninguém quer um jogo fácil demais pois isso deixa tudo muito chato, perde o gosto. Por outro lado, um desafio simplesmente insuperável já te deixa sem vontade de começar, como se fosse uma comida com tempero demais. Ainda acho que isso vai demorar até ficar perfeitamente refinado, isso se de fato o ficar. Até lá, vou selecionando os jogos que receberão meu parco dinheirinho – é nessas horas que eu dou graças a Deus pelas demos.
E você, o que acha?
Rafael Arbulu é jornalista. Foi editor-chefe do MSN Jogos e agora desenvolve projetos próprios. Sua coluna pode ser lida todas as terças-feiras, aqui no NoReset.
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